domingo, 17 de junho de 2012

Cestrum

No fim do dia, logo após o anoitecer, ocasionalmente sinto o cheiro do passado. Quando era bem pequeno, perguntei o que era para minha mãe, e ela disse que o cheiro era de flor. Não sei bem porque o passado cheira assim - mas desconfio que não seja uma memória. Talvez uma flor tenha mesmo o cheiro do tempo, o cheiro do que já passou, porque desde pequeno me lembro de sentir essa nostalgia aromática.  Procurei saber e descobri que a tal flor desabrocha no verão e na primavera. Ontem eu senti o cheiro de novo, em meados do inverno. Procurei a planta por todos os lados, em volta de minha casa, e não encontrei nada, e me perguntei se não era o próprio passado que viera me fazer uma visita. Às vezes tem medo que me esqueça.